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Sistema Interligado Nacional: como funciona e quais são os prós e contras do SIN

Sistema Interligado Nacional: como funciona e quais são os prós e contras do SIN

Em países de dimensões continentais, um dos desafios mais comuns é garantir a distribuição de energia para todo o território de forma eficaz e segura. No caso do Brasil, isso só é possível graças a uma rede de transmissão de centenas de milhares de quilômetros totalmente conectada entre si, o chamado Sistema Interligado Nacional (SIN).

Durante muito tempo, o setor elétrico brasileiro era verticalizado e formado por estatais que controlavam tanto a geração quanto a transmissão e a distribuição. Esse cenário começou a mudar em 1995, com a promulgação da Lei n° 9.074, que permitiu a entrada da iniciativa privada.

Três anos depois, em 1998, chegaram mudanças ainda mais profundas com a criação do Mercado Livre de Energia e do Sistema Interligado Nacional. O primeiro já é um velho conhecido dos leitores do blog, mas muita gente ainda não sabe porque o SIN também representa um divisor de águas no setor.

Nas próximas linhas, você entenderá o que é e como funciona o Sistema Interligado Nacional, assim como suas vantagens e desvantagens. Confira!

O que é o Sistema Interligado Nacional (SIN)?

O Sistema Interligado Nacional é o conjunto de equipamentos e instalações conectados eletricamente para possibilitar o suprimento de energia do país. Sua criação é consequência da resolução 351/98 da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), que autoriza o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) a coordenar e controlar a geração e a transmissão desses sistemas interligados.

O Brasil é abastecido por um sistema hidro-termo-eólico de grande porte formado por empreendimentos de diversos proprietários, tanto estatais quanto privados. Também fazem parte da nossa matriz usinas de outros tipos de geração de energia, como a solar e a nuclear.

Todas as empresas que produzem e transmitem energia dentro desse modelo de interconexão fazem parte do Sistema Integrado Nacional. Atualmente, segundo o ONS, o SIN tem uma capacidade instalada de mais de 170 mil megawatts e uma extensão de rede básica de transmissão de mais de 145 mil quilômetros.

No mapa abaixo é possível conferir a distribuição das linhas de transmissão pelo território nacional:

sistema interligado nacional
Fonte: ONS

Quais sistemas fazem parte do SIN?

O Sistema Interligado Nacional é formado por quatro subgrupos:

  • Subsistema Sudeste/Centro-Oeste (SE/CO), que abrange essas duas regiões do país, assim como os estados de Rondônia e Acre;
  • Subsistema Sul (S), que corresponde à toda a região sul do país;
  • Subsistema Nordeste (NE), que engloba a região nordeste com exceção do do Maranhão;
  • Subsistema Norte (N), que abrange os estados do Amapá, Amazonas, Maranhão, Pará e Tocantins.

Além destes, existem ainda os chamados sistemas isolados. De acordo com o ONS, existem 212 localidades isoladas no Brasil, cujo consumo representa menos de 1% da carga total do país.

A maior parte dos sistemas isolados está na região Norte, nos estados de Rondônia, Acre, Amazonas, Amapá e Pará. Por sua vez, Roraima é o único estado brasileiro que não está integrado ao SIN, tendo seu abastecimento feito parcialmente pela Venezuela.

A principal consequência desse isolamento é o aumento na conta de luz, uma vez que grande parte da geração é realizada por termelétricas.

Como funciona o Sistema Interligado Nacional?

Os subsistemas que você conheceu acima estão todos conectados entre si. Toda a energia gerada por eles se junta no Sistema Interligado Nacional que, por meio da sua extensa malha de transmissão, a redistribui de maneira equilibrada por todo o país.

No sistema hidro-termo-eólico brasileiro, as hidrelétricas são responsáveis pela maior parte da geração, com mais de 60% da capacidade instalada. Graças ao SIN, essas usinas localizadas em 16 bacias hidrográficas de diferentes regiões atuam de forma integrada para levar luz a lares e indústrias.

Por sua vez, as usinas térmicas desempenham um papel estratégico no SIN, permitindo a gestão dos reservatórios de água para assegurar o atendimento futuro. Já a energia eólica tem aumentado sua participação na matriz e ganhado cada vez mais importância no atendimento ao mercado consumidor.

As operações de todas essas instalações e equipamentos que compõem o SIN são coordenadas e controladas pelo ONS e reguladas e fiscalizadas pela Aneel. Entre suas atribuições estão o detalhamento, o planejamento e programação da geração, transmissão e distribuição de energia.

Por meio da interconexão dos subsistemas é possível, por exemplo, verificar as regiões de maior demanda e, se for o caso, propor a ampliação e o reforço da rede de transmissão. Além disso, o funcionamento integrado aumenta a segurança operacional para evitar interrupções no abastecimento.

Confira no vídeo abaixo mais informações sobre o SIN e os submercados:

Quais são as vantagens do Sistema Interligado Nacional?

Como mencionado acima, um dos principais benefícios do SIN é a segurança e a confiabilidade das operações. Se houver uma falha em uma linha de transmissão, o sistema é capaz de redirecionar a eletricidade e fazer com que menos pessoas sejam afetadas por possíveis apagões pelo menor tempo possível.

A conexão entre os subsistemas também permite que o SIN ajuste a distribuição da energia à sazonalidade das chuvas. Afinal de contas, em um país das dimensões do Brasil, os períodos de chuva, fundamentais para abastecer os reservatórios das hidrelétricas, variam de acordo com a região.

Outra vantagem é a possibilidade de planejar a utilização das diversas fontes que compõem a nossa matriz energética. A interconexão aumenta a eficiência do sistema e reduz os custos relacionados à geração.

Justamente por isso, é certo dizer que o SIN não apenas permite, como incentiva o uso de energia renovável no Brasil. Essa diversificação traz como principais benefícios a diminuição do uso de combustíveis poluentes e a redução dos impactos ambientais característicos dessas fontes energéticas.

Quais são as desvantagens do Sistema Interligado Nacional?

Embora o SIN seja eficaz em sua missão de abastecer o Brasil de forma equilibrada, não podemos deixar de citar alguns pontos negativos. Entre eles, podemos destacar as perdas energéticas que acontecem nas linhas de transmissão quando é necessário percorrer grandes distâncias.

Além disso, a possibilidade de abastecer uma região com energia gerada em outra parte do país, que inicialmente parece vantajosa, traz efeitos colaterais menos benéficos. Isso acontece porque essa complementação ao suprimento pode acabar desestimulando investimentos na geração na região assistida.

As desvantagens do Sistema Interligado Nacional também chegam à conta de luz dos consumidores. Devido à complexidade e à envergadura do SIN, os custos com a transmissão de energia acabam deixando as tarifas um pouco mais salgadas.

SIN e o Mercado Livre de Energia

Em 1998, além do Sistema Integrado Nacional, também foi criado o Mercado Livre de Energia. Desde então, esse ambiente de contratação de energia elétrica permite que alguns consumidores negociem preços, prazo, volume e forma de pagamento diretamente com geradoras ou comercializadoras.

Ou seja, é a opção ideal para quem quer a liberdade de escolher seus fornecedores e não pagar as tarifas reguladas pelo governo. Afinal de contas, em comparação aos preços praticados pelas distribuidoras, os valores no Mercado Livre são muito mais competitivos e garantem uma economia expressiva nos gastos com energia.

No Brasil, qualquer indústria ou comércio ligado em média ou alta tensão pode participar, desde que atenda alguns requisitos. Para saber se sua empresa se enquadra e como fazer a migração para o Mercado Livre, vale a pena procurar a assessoria de consultorias especializadas, como a Esfera Energia.

Com análises técnicas e regulatórias minuciosas, a Esfera faz todo o acompanhamento do processo junto com sua empresa e oferece suporte tanto no momento da contratação de energia como em questões burocráticas. Se você ficou interessado, fale agora mesmo com um dos nossos especialistas!

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Energia rural: quem tem direito e como funciona

Energia rural: quem tem direito e como funciona

A energia rural é fornecida para unidades consumidoras específicas e tem algumas regras que são importantes conhecer. 

Além disso, ela tem um preço mais baixo do que a energia residencial, mas para isso é preciso comprovar seu enquadramento na classe rural. 

Para te ajudar, vamos explicar todas as informações sobre o assunto, confira.

O que é energia rural?

Energia rural é aquela fornecida para as unidades consumidoras relacionadas às atividades de agricultura, pecuária ou aquicultura. Porém, é importante reforçar que é necessário ser um produtor, de acordo com a Resolução Normativa ANEEL n. 414, de 9 de setembro de 2010, a qual obriga a apresentação de Registro de Produtor Rural para comprovar a situação da unidade.

Para emitir tal documento é preciso acionar o Sindicato dos Trabalhadores. Depois, com o comprovante em mãos e um documento oficial com foto, será possível se cadastrar para receber a energia rural.

Segundo definição da ANEEL (Agência Nacional de Energia Elétrica), a classe rural “caracteriza-se pelo fornecimento à unidade consumidora que desenvolva atividades de agricultura, pecuária ou aquicultura, dispostas nos grupos 01.1 a 01.6 ou 03.2 da Classificação Nacional de Atividades Econômicas – CNAE.”

A energia rural é mais barata do que a urbana?

A tarifa de energia rural tem um valor mais baixo em comparação à energia residencial, considerando o preço do quilowatt. Além disso, o ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços) cobrado também é menor. 

Vale lembrar que o preço do kW varia mês a mês e de acordo com o local, assim como o ICMS é diferente entre estados.

Como o preço da energia rural é definido

O setor energético brasileiro está segmentado em dois “ambientes”:

  • Ambiente de Contratação Regulada (ACR): formado por consumidores cativos que têm acesso à energia com tarifas estabelecidas pelo governo e pagam mensalmente pelo serviço de distribuição e de geração de energia;
  • Ambiente de Contratação Livre (ACL): são os consumidores livres que negociam energia no são os consumidores livres que negociam energia no Mercado Livre de Energia e podem encontrar preços melhores do que os normalmente disponíveis no ambiente regulado.

Aqui explicamos as diferenças entre ACR e ACL na compra de energia.

No ACR, o preço é definido pela ANEEL, enquanto no ACL existe a possibilidade de negociar valores e condições de pagamento de acordo com a geradora ou comercializadora.

No caso da cobrança feita pela ANEEL, considera-se a inflação e os custos e investimentos das distribuidoras. Além disso, por conta das bandeiras tarifárias, o valor da conta de luz oscila mês a mês dentro de valores pré-determinados e de acordo com a necessidade de uso de usinas termelétricasé por isso que o preço do kW é variável, já que depende de uma série de fatores.

Outro ponto importante é que no ACR existem diferentes classes de consumo e o preço da energia elétrica varia em cada uma delas:

    • Energia residencial
    • Energia industrial
    • Energia comercial
    • Energia rural
    • Energia de poder público

E mais: as tarifas são divididas em dois grupos:

  • Grupo A: média e alta tensão, e também sistemas subterrâneos. Nesse grupo existem as cobranças “horário ponta” e “horário fora ponta” e as tarifas “horária azul” e “horária verde”;
  • Grupo B: baixa tensão, residencial, rural, iluminação pública e demais classes. Aqui também existem duas tarifas: “convencional monômia”, o que significa que a cobrança é a mesma independentemente do horário do dia em que for utilizada, ou “horária branca”, na qual a tarifa muda conforme o horário de utilização do dia.

Quando a energia rural é aplicável?

Quem tem direito à energia rural são os produtores que se enquadram na classe rural, ou seja, que desenvolvem atividades de agricultura, pecuária ou aquicultura.

Além disso, por conta da relevância do setor agropecuário para o Brasil, os produtores rurais têm uma série de políticas públicas de incentivos, dentre eles o subsídio de energia rural, que dá descontos nas tarifas de energia elétrica. 

Porém, há alguns anos o governo está adotando medidas mais rígidas para regular os benefícios tarifários e estima-se que até 2023 a alíquota será zerada.

Revisões periódicas são feitas nos cadastros para analisar se de fato as unidades consumidoras classificadas como “rurais” estão exercendo atividades relacionadas à agricultura, pecuária ou aquicultura.

Por isso, para que o benefício não seja perdido, é preciso enviar para a distribuidora de energia documentos que comprovem que a unidade ainda se enquadra nos requisitos necessários em até seis meses após o recebimento da notificação na conta de luz.

Como solicitar energia rural?

Para solicitar a energia rural é preciso entrar em contato com a concessionária de energia elétrica que atende o seu município e registrar o pedido de energia. Nesse momento será solicitado um documento pessoal com foto, por isso lembre-se de separá-lo com antecedência. 

Após o pedido, a concessionária terá um prazo de 30 dias para sinalizar como e quando será feita a instalação da energia na unidade consumidora.

Além disso, também é válido apresentar o Registro de Produtor Rural para comprovar a situação da unidade.

Energia elétrica sustentável na agricultura

Por conta da redução do subsídio de energia rural, as fontes alternativas de energia estão ganhando mais espaço no campo, em especial as renováveis por conta do baixo impacto ambiental. Destacamos aqui a energia solar, energia eólica e energia biomassa. 

Saiba mais sobre os tipos de geração de energia aqui.

A energia solar é gerada por meio da radiação do sol que é captada em painéis fotovoltaicos, enquanto a energia eólica aproveita a força dos ventos. Já a geração de energia biomassa se dá por meio da queima de matérias orgânicas, como o bagaço da cana-de-açúcar, lenha, resíduos agrícolas e até mesmo excrementos de animais.

Os consumidores especiais no Mercado Livre de Energia, que são aqueles que têm uma demanda entre 500 kW e 1,5 MW, podem adquirir energia de Pequenas Centrais Hidrelétricas (PCHs) ou de fontes renováveis como eólica, biomassa ou solar. 

Se você ainda não sabe como isso funciona, entre em contato com a Esfera Energia.

Somos referência nacional em gestão de energia no Mercado Livre de Energia e atendemos mais de 130 grupos empresariais, gerenciamos mais de 320 ativos e estamos presentes em 20 estados.