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Nível dos reservatórios: importância, controle e o impacto no preço da energia

Nível dos reservatórios: importância, controle e o impacto no preço da energia

Quando o assunto é o preço de energia no mercado brasileiro, não tem como escapar dos temas: chuvas e nível dos reservatórios. Isso porque a matriz energética brasileira é composta predominantemente pela fonte hidráulica.

Mas qual a importância do nível dos reservatórios no Brasil? Como é feito o controle da capacidade e como isso afeta o preço da energia elétrica que pagamos?

Continue com a gente e entenda tudo sobre o nível dos reservatórios. Boa leitura!

Quais são as fontes de energia existentes no Brasil atualmente?

Antes de entrarmos no conceito por trás do tema, é importante conhecer a composição da matriz energética brasileira.

Esse é um fator que torna nosso mercado de energia tão único e específico e que, atualmente, está dividido como mostra a imagem abaixo:

Composição da matriz energética brasileira. Fonte: hud, a plataforma de comunicação e gestão de energia da Esfera.

Agora que conhecemos a composição da matriz energética, vamos falar sobre a fonte hidráulica que é a principal fonte de produção de energia elétrica do Brasil.

Leia também: O que é energia hidráulica e como funciona a principal fonte energética do Brasil?

Como é produzida a energia nas hidrelétricas?

As usinas hidrelétricas transformam a energia potencial da água em energia cinética. A água é conduzida por um ducto coletor até as pás da turbina que, por sua vez, se encontram acopladas ao eixo do gerador responsável por transformar a energia mecânica em energia elétrica.

Todo esse processo possui um rendimento muito elevado, próximo a 90%, se tornando uma das fontes com maior fator de capacidade.

Depois, é direcionada para regiões mais próximas aos grandes centros consumidores de energia.

Nestas regiões, a energia passa por uma subestação abaixadora que reduz os níveis de tensão a valores adequados para a distribuição de energia aos consumidores.

As usinas hidrelétricas podem ser classificadas através da sua forma de operação:

Usinas com reservatório: possui uma capacidade de armazenamento situada a montante da usina e seu funcionamento pode ser gerenciado a partir da necessidade de demanda;

Usinas a fio d’água: utiliza reservatório com acumulação suficiente apenas para prover regularização diária ou semanal ou ainda que utilize diretamente a vazão afluente do aproveitamento;

Usinas reversíveis: usinas que além de gerarem energia elétrica, conseguem reaproveitar a água, através de um sistema de bombeamento.

Leia também: O que é e como funciona o MRE (Mecanismo de Realocação de Energia)?

Importância do nível dos reservatórios

Em 2021, 62% da energia do Brasil vem de fontes hidrelétricas. Dessa forma, a capacidade geradora do país está diretamente relacionada ao nível dos reservatórios.

Afinal, sem água as turbinas das hidrelétricas não funcionam, deixando de produzir quilowatts (kW) preciosos para o funcionamento da economia e da vida doméstica.

Por isso, o monitoramento do nível dos reservatórios é tão importante. Mesmo com uma matriz energética diversificada, as hidrelétricas ainda são nossa fonte principal.

O sistema está em alerta justamente por causa da quantidade de chuvas dos últimos anos.

Apesar das fontes de energia renovável no Brasil contribuírem para que a produção de energia no país esteja acima da Demanda Máxima, se dependêssemos apenas das hidrelétricas o racionamento seria uma realidade.

O motivo é que o ritmo de crescimento da produção das usinas geradoras foi bem pequeno.

As análises mostram que desde 2014 a quantidade de chuva se mantém abaixo da média, afetando diretamente o nível dos reservatórios. Veja no gráfico abaixo:

historico-nivel-chuva-brasil

O baixo índice de chuvas é realmente preocupante no país. Segundo o governo, entre novembro de 2020 e abril de 2021 foi registrado o menor volume de chuva em 91 anos.

A administração federal e os órgãos competentes estão de olho nessa crise hídrica, pois sem um planejamento e um estudo eficaz para projeção de chuvas, o racionamento pode voltar a ser uma realidade.

Mas como fazer um controle eficiente do nível dos reservatórios? Confira no tópico a seguir como é feito esse trabalho.

Como é feito o controle do nível dos reservatórios?

Cada uma das usinas hidrelétricas possui uma capacidade, de acordo com o tamanho do reservatório.

Além do máximo, também existe um nível mínimo de água que deve ser armazenado para que seja possível acionar as turbinas e gerar energia elétrica.

Essa disponibilidade de água está relacionada à oferta de chuva que mantém o nível dos reservatórios cheios.

As usinas são monitoradas por uma central, hoje computadorizada, que informa não só a capacidade produtiva como o armazenamento atual do reservatório.

A digitalização desse acompanhamento é o que permite uma detecção rápida da queda nos reservatórios.

Em maio de 2021, as usinas hidrelétricas do Sudeste e Centro-Oeste registraram o menor nível desde 2001, ano em que o Brasil passou pelo racionamento de energia.

Segundo o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), os reservatórios estão com 32,10% de capacidade. Em 2001, esse índice chegou a 29,9%.

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Fonte: Reprodução/G1.

A partir desses índices de controle do nível dos reservatórios, o governo está tomando medidas para evitar o racionamento.

A primeira afetou diretamente o valor da conta de energia para o consumidor, pois a bandeira vermelha já está em vigor em todo o país.

Saiba mais sobre os desdobramentos do racionamento do post: ‘Confira uma análise detalhada da crise hídrica atual’.

A relação dos níveis dos reservatórios com o preço da energia

Como dito anteriormente, a matriz energética brasileira ainda é composta principalmente pela fonte hidráulica, criando uma grande dependência da geração hidrelétrica, nas condições do nível dos reservatórios e nas expectativas de chuvas.

O despacho de grande parte das usinas é realizado de forma centralizada pelo Operador Nacional do Sistema (ONS) cujo objetivo é atender a demanda, visando o menor custo, seja futuro ou imediato.

O cálculo é realizado através da execução de uma cadeia de modelos de otimização, que observam tanto para os níveis dos reservatórios e as projeções de chuva quanto outras variáveis como previsão de carga, disponibilidade das usinas, entre outras.

Com base nos resultados dos modelos, o ONS realiza o despacho das usinas.

Quando os reservatórios estão em níveis baixos, há um aumento do despacho termelétrico com elevação do custo imediato.

O objetivo é melhorar a situação do nível dos reservatórios e, consequentemente, garantir o suprimento de energia, mas tudo depende das projeções de chuva.

Sendo assim, quando se espera a entrada de um bom volume de chuvas, os modelos despacham uma quantidade menor de usinas na expectativa de uma melhora nas condições do sistema.

Porém, em uma situação de frustração dessa expectativa, os reservatórios continuam em níveis baixos e a dependência das chuvas aumenta ainda mais, elevando a volatilidade das projeções do PLD e, consequentemente, os preços de mercado.

Caso as condições sejam de poucas chuvas previstas e os reservatórios estejam em níveis críticos, o Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico (CMSE) pode autorizar o ONS a despachar usinas térmicas fora da ordem de mérito com o intuito de salvar reservatório, reduzindo a geração hidráulica.

Tais despachos não entram no cálculo do PLD e são valorados via encargos em que todos os consumidores são impactados, tanto os livres quanto os cativos.

As condições do sistema impactam todos os consumidores. No caso dos consumidores cativos, é representado pelas bandeiras tarifárias que atribuem uma cor diferente conforme o custo de geração da energia.

Entenda como funcionam as Bandeiras Tarifárias no post: ‘O que são bandeiras tarifárias e como esse sistema funciona?’.

No caso dos consumidores livres que fazem parte do Mercado Livre de Energia, esse impacto é representado no valor do PLD (Preço da Liquidação das Diferenças).

Porém, no Mercado Livre de Energia é possível evitar essas variações causadas pelas chuvas com estratégias estruturadas e inteligentes para a contratação de energia.

Assim, mitigar os riscos de exposição ao Mercado de Curto Prazo (MCP), onde o PLD poderá apresentar valores superiores em comparação às contratações de longo prazo, ajuda a conseguir preços menores e com menor volatilidade.

Entendeu o papel do nível dos reservatórios?

O nível dos reservatórios é um assunto que chama a atenção atualmente por causa do agravamento da crise hídrica.

Além do aumento no custo da energia elétrica, é possível que outros desdobramentos surjam para conter a necessidade de racionamento.

De olho nesse futuro, sua empresa pode preservar o funcionamento das atividades migrando para o Mercado Livre de Energia.

Para ter uma gestão de energia eficiente dentro do Mercado Livre de Energia, conheça a Esfera e saiba quais estratégias de contratação de energia podem favorecer mais o seu negócio.